Na alimentação vegetariana de todo tipo, o que não falta é vitamina K dos alimentos, mesmo que, nos dias de hoje, o consumo de folhas escuras cruas nos pratos, nas marmitas, e na maioria dos restaurantes, esteja resumido à alface e repolho.
Em 1943, Edward Adelbert Doisy e o cientista Carl Peter Henrik Dam, ganharam o prêmio Nobel pela descoberta da vitamina K. Henrik Dam demonstrou que óleo de sementes de cannabis (hemp seed) interrompiam sangramentos hemorrágicos e, mais tarde, Doisy isolou e sintetizou a vitamina, colocando-a nas prateleiras dos medicamentos para tratamentos hemorrágicos.
Nomeada como K por sua atuação na coagulação sanguínea (koagulation, em dinamarquês), essa não é exatamente uma vitamina, mas o nome genérico de um grupo de substâncias derivadas de um composto orgânico (1,4 Naftoquinona).

Sua síntese começa no intestino delgado (K1 ou filoquinona – PK), proveniente da nossa alimentação. No intestino grosso se converte em K2 (Menaquinona ou MK), que é composta por um grupo enorme de Ks (vai de MK2 a MK13).
Vários estudos comprovam ainda que a família K participa não apenas da coagulação sanguínea, como também da formação da matriz óssea, responsável pela fixação do cálcio nos ossos.
E além de incrementar a absorção da vitamina D, reduz o risco de doenças como a osteoporose ou osteopenia, e atua na tireoide e na absorção do ferro.
Porém, a já batida frase do Paracelsus, “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”, é um ponto importante, especialmente em caso de automedicação ou suplementação caseira dessa vitamina.
Não são todos os suplementos que podemos consumir assim, livremente, causando excessos ou efeitos cumulativos. O ferro é um deles, outra, a vitamina D em conjunto com a vitamina K. Essas suplementação é do tipo “só faça na presença de profissionais realmente capacitados/as”.
Sintomas de que há algum problema com as Ks
(Tanto para mais, quanto para menos)
Sangramento no nariz / Hematomas e manchas roxas / Calcificação óssea / Agravo de doenças como a púrpura (uma vasculite de pequenos vasos, que causa sangramentos subcutâneos e manchas na pele) / Fraqueza óssea
Existem ainda outros sintomas de deficiência de vitamina K, que podem ser avaliados por profissional de saúde e encaminhados para orientações e tratamentos, conforme necessário.
Pessoas em tratamento medicamentoso de problemas circulatórios, intestinais, pancreáticos ou biliares, devem verificar os níveis da vitamina K e seus fatores de coagulação, em exames bioquímicos e, principalmente, seu consumo diário de alimentos fontes da vitamina, devido a interação com remédios anticoagulantes como a Varfarina.
Sem gorduras, sem vitamina K
Por quê? Porque essa vitamina, encontrada até que em abundância nos vegetais, não consegue ser sintetizada e absorvida no organismo com eficiência, se não houver ao menos um pingo de gorduras na dieta.
Basta escolher as “gorduras certas”, presentes em frutas como o abacate, nas azeitonas, no azeite, nas oleaginosas e outras sementes, ou também em folhas como a rúcula e até na casca do limão.
Cadê ela?
Segundo o pai dessa grande família, Henrik Dam, as cascas de frutas e de diversos vegetais apresentam concentrações bem significativas de vitamina K (isso se os agrotóxicos não os degradaram!).
Nas plantas é encontrada principalmente nas folhas, que recebem luz solar para uma com fotossíntese eficiente. E quanto mais escuras, melhor.
Os tomates são boa fonte, mas as frutas contêm pouca vitamina K.
E mesmo quando ficam amareladas, as folhas e outros alimentos, como os pimentões, continuam apresentando bons niveis da vitamina.
Um alerta: Não se fixe em apenas um nutriente. As informações sobre a vitamina K são, também, um aviso para consumir com atenção e cautela.
FONTES
1. CONWAY, T.; COHEN, P.S.. Metabolismo de Escherichia coli comensal e patogênica no intestino. American Society for Microbiology (ASM Journal). Jun 2015. Disponível em https://abrir.link/dEGxR. Acesso em 15/10/2022
2. DAM, Henrik. The discovery of vitamin K, its biological, functions and application therapeutics. Nobel Lecture. Stockholm, Sweden. 12 Dez 1946. Disponível em https://www.nobelprize.org/uploads/2018/06/dam-lecture.pdf. Acesso em 13/082022
3. BLOUNT, Zahary D. O potencial inesgotável da E. coli. National library of Medicine. ELife Science. 25 Mar 2015. Disponível em: https://abrir.link/IbuR3. Acessado em 13/08/2022
4. FERLAND, G..; SADOWSKI, J.A. The vitamin K1 (phylloquinone) content of edible oils: effects of heating and light exposure. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington DC, v.40, p.1869-1873, 1992.